Quais os sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo)?

A confusão em torno dos sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) é muito comum. Muitas vezes, o que parece ser um hábito, uma preocupação excessiva ou até um traço de personalidade, pode, na verdade, ser um chamado do seu corpo e da sua mente para uma atenção mais especializada.  O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma …

Silhueta de cabeça azul com cérebro em peças de quebra-cabeça, simbolizando como os sintomas do TOC Transtorno Obsessivo Compulsivo fragmentam pensamentos e ações.

A confusão em torno dos sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) é muito comum. Muitas vezes, o que parece ser um hábito, uma preocupação excessiva ou até um traço de personalidade, pode, na verdade, ser um chamado do seu corpo e da sua mente para uma atenção mais especializada

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma condição complexa que muitas pessoas desconhecem em sua totalidade. Ele se manifesta como um ciclo repetitivo que pode ser incrivelmente desgastante e até paralisante

Sumário

O que são as obsessões do TOC?

As obsessões são definidas como pensamentos, imagens ou impulsos que surgem de forma recorrente e persistente. Eles são intrusivos, inapropriados e, em grande parte, você sente que não tem controle sobre eles

A simples presença desses pensamentos pode gerar uma ansiedade e um sofrimento significativos. É como se seu cérebro tentasse naturalmente suprimir, ignorar ou neutralizar essa ameaça percebida, mas sem sucesso.

Em resposta a essa angústia mental, surgem as compulsões. Elas são comportamentos repetitivos, como rituais físicos, ou até mesmo atos mentais que você se sente obrigado a executar. 

Geralmente, você segue regras rígidas ou busca uma sensação de “estar completo” ou “estar certo”. O objetivo principal desses rituais é reduzir a ansiedade causada pela obsessão ou prevenir algum evento temido

O grande problema é que esse alívio é apenas temporário. A cada vez que você realiza uma compulsão, a crença de que a obsessão era perigosa se reforça, garantindo que o ciclo continue e se torne mais forte.

Exemplos do ciclo obsessivo-compulsivo em sua vida

Pense em cenários cotidianos que se transformam em verdadeiros dilemas. Você já se viu, por exemplo, duvidando constantemente se realmente trancou a porta de casa ou desligou o gás, mesmo tendo certeza de que o fez minutos antes? 

Essa dúvida persistente te leva a voltar e checar repetidas vezes, por vezes tirando fotos ou gravando vídeos para se convencer.

Outro exemplo é o medo intenso de causar algum dano sem perceber. Você pode ter pensamentos de que atropelou alguém ao dirigir, mesmo sem ter visto ou sentido nada, e se sente impelido a voltar no trajeto para verificar. 

Ou talvez você sinta uma necessidade inexplicável de arrumar objetos em sua casa de uma maneira muito específica, alinhando-os perfeitamente, até que tudo “sinta que está certo” – uma sensação interna e subjetiva de completude que precisa ser alcançada.

Por que o alívio é temporário e o ciclo se repete?

O ciclo do TOC é patológico porque o alívio que a compulsão proporciona é muito breve. Quando você cede a um ritual, a ansiedade gerada pela obsessão diminui por alguns instantes. 

No entanto, essa diminuição temporária da ansiedade acaba reforçando uma ideia perigosa: a de que a obsessão original era, de fato, uma ameaça real e que a compulsão foi necessária para evitar um desastre.

Essa crença reforçada garante que o mesmo ciclo se repita na próxima vez em que o pensamento intrusivo surgir. É como um loop: o pensamento obsessivo aparece, gera ansiedade, você executa a compulsão para aliviar, sente-se um pouco melhor, mas, sem perceber, acaba ensinando ao seu cérebro que aquela obsessão é válida e que a compulsão é a única forma de lidar com ela.

Infográfico circular com as etapas obsessão → ansiedade → compulsão → alívio breve → reforço do ciclo, explicando os sintomas do TOC Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Nos sintomas do TOC Transtorno Obsessivo Compulsivo, a compulsão alivia por instantes e reforça o loop — entender isso é chave para o tratamento.

Conheça os diferentes tipos de sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo)

O TOC manifesta-se de diversas formas, abrangendo uma ampla gama de obsessões e compulsões. Para facilitar a identificação, podemos agrupá-los em “famílias” de temas e comportamentos. 

Entender essas categorias pode ser um passo importante para você reconhecer o que pode estar acontecendo com você ou com alguém próximo.

Preocupação com contaminação e limpeza excessiva

Uma das formas mais conhecidas do TOC envolve a preocupação excessiva com sujeira, germes, contaminação biológica, fluidos corporais ou produtos químicos. Sua mente pode ser inundada por pensamentos intrusivos de que você está sujo, que pode pegar uma doença grave ou que pode contaminar outras pessoas.

Em resposta a essas obsessões, você desenvolve compulsões de higiene exagerada. 

Em resposta a essas obsessões, você pode desenvolver compulsões de higiene exagerada. Isso inclui:

  • Lavar as mãos repetidamente por longos períodos;
  • Tomar banhos que duram horas;
  • Realizar rituais de limpeza doméstica meticulosos e demorados.

Além disso, pode haver uma evitação rigorosa de locais, pessoas ou objetos que você percebe como “contaminados”, alterando significativamente sua rotina diária.

Dúvida constante e a necessidade de checar tudo repetidamente

Muitas pessoas com TOC são impulsionadas por uma necessidade inabalável de certeza, o que as leva a dúvidas persistentes. Você pode se questionar se cometeu erros, se causou danos ou se negligenciou responsabilidades importantes. Por exemplo, a obsessão de ter esquecido a porta destrancada, o gás ligado, ou de ter cometido um erro grave em documentos ou tarefas.

As compulsões, neste caso, envolvem a verificação repetitiva. Você pode checar fechaduras, aparelhos eletrodomésticos, e-mails enviados ou tarefas concluídas várias e várias vezes. 

O objetivo é prevenir o dano temido, mas essa checagem excessiva acaba consumindo muito tempo e gerando ainda mais ansiedade, pois a certeza nunca é realmente alcançada.

A busca incessante por simetria, ordem e a sensação de “estar certo”

Outra manifestação comum do TOC é a preocupação obsessiva com alinhamento, sequência, ordem ou exatidão. Você pode sentir uma necessidade imperiosa de que os objetos estejam perfeitamente alinhados, que tudo esteja em seu devido lugar ou que as coisas sejam feitas de uma maneira precisa. 

Muitas vezes, essa obsessão é acompanhada por um pensamento mágico, onde você acredita que algo ruim acontecerá se os objetos não estiverem exatamente como deveriam.

A compulsão neste espectro envolve o reposicionamento, alinhamento ou reordenação contínua de itens. Você passa horas arrumando uma estante, reescrevendo textos ou repetindo ações até que a sensação interna de que “está errado” desapareça e você sinta que tudo está “correto” ou “perfeito”. 

Este subtipo é muitas vezes referido como o TOC da sensação de incompletude ou “just-right OCD” (TOC do ‘bem certinho’).

Pensamentos perturbadores: violentos, sexuais ou religiosos

Uma das formas mais angustiantes e incompreendidas do TOC são as obsessões que envolvem conteúdos considerados tabus. Nele, você experimenta pensamentos intrusivos de natureza violenta, como agredir entes queridos ou cometer atos terríveis de forma repentina. 

Ou, talvez, pensamentos de conteúdo sexual inapropriado, incluindo temas como pedofilia ou comportamentos sexuais indesejados. 

Há também os escrúpulos religiosos, que são preocupações excessivas com a moralidade, medo de cometer blasfêmia, sacrilégio ou de não seguir regras religiosas à risca.

Ter esses pensamentos não significa que você os deseja ou que irá agir de acordo com eles. 

Pelo contrário, esses pensamentos são egodistônicos, ou seja, são profundamente contrários aos seus valores, à sua moralidade e à sua autoimagem. É justamente essa discrepância que causa uma quantidade avassaladora de ansiedade e medo. 

Muitas pessoas, especialmente pais e mães, podem até evitar ficar sozinhas com as pessoas a quem seus pensamentos se dirigem, temendo que a obsessão se materialize. A vergonha associada a esses sintomas leva muitos a sofrerem em silêncio, dificultando ainda mais o tratamento.

Acumulação: a dificuldade em descartar itens

A acumulação é outro tipo de sintoma em que você pode sentir uma dificuldade intensa e persistente em descartar itens, independentemente do seu valor real. 

Essa obsessão pode ser impulsionada pelo medo de que você vá precisar daquele objeto no futuro, de que possa causar algum dano ao descartá-lo, ou por uma forte e irracional conexão emocional com os pertences, sentindo que se desapegar deles seria perder uma parte de si mesmo.

Rituais mentais: quando os sintomas do TOC são invisíveis?

Você sabia que nem todas as compulsões são visíveis? Muitas pessoas com TOC realizam rituais apenas na mente, o que pode tornar a identificação do transtorno ainda mais desafiadora. 

Essa invisibilidade, infelizmente, pode levar a muita confusão e um isolamento ainda maior para quem busca ajuda.

O que são as neutralizações mentais do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo)?

As neutralizações mentais são suas tentativas de mitigar a ameaça percebida por uma obsessão, tudo isso internamente, sem que ninguém mais perceba. É a sua mente tentando “cancelar” ou “consertar” um pensamento intrusivo com outro. 

O cérebro, na sua busca natural por alívio, tenta neutralizar a ansiedade intensa gerada por esses pensamentos. Podemos falar aqui sobre:

  • Revisão e recontagem: você pode se pegar recontando ou repetindo palavras em silêncio para neutralizar um pensamento ruim. A contagem também pode ser usada para garantir que as tarefas sejam concluídas um “número certo” de vezes.
  • Reza excessiva: rituais mentais religiosos são realizados para anular um pensamento blasfemo.
  • Revisão mental: você reanalisa repetidamente uma interação social ou um evento para ter certeza de que nada inadequado foi dito ou feito.

“Pure O”: um termo popular, mas que esconde a verdade

Se você tem procurado sobre os sintomas de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), já deve ter ouvido falar em “Pure O” (Obsessivo Puro). 

Este termo é popular, mas clinicamente impreciso. Ele sugere que haveria apenas obsessões, sem a presença de compulsões, o que não é verdade. Embora as compulsões não sejam visíveis, como lavar as mãos ou verificar portas, elas existem e se manifestam sob a forma de rituais mentais encobertos ou atos de neutralização.

O transtorno ainda envolve o mesmo padrão de pensamento intrusivo seguido pela tentativa de neutralizá-lo; a diferença é que a compulsão ocorre dentro da sua mente

Reconhecer esses rituais mentais é crucial, pois as terapias só são eficazes se essa “resposta” — mesmo mental — puder ser identificada e ativamente bloqueada.

Exemplos de rituais que acontecem apenas na sua mente

Para ilustrar melhor, imagine que um pensamento assustador surge. 

Você pode sentir a necessidade de repetir uma palavra específica mentalmente por um certo número de vezes para que “nada de ruim aconteça”. Ou, talvez, revisitar mentalmente uma conversa para ter certeza de que não disse algo inadequado. 

Em outros momentos, você pode sentir a urgência de “equilibrar” um pensamento ruim com um “bom”, como se um anulasse o outro. 

Estes são todos exemplos de rituais mentais que, embora invisíveis, consomem energia e reforçam o ciclo do TOC.

Quando os sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) pedem avaliação profissional?

Reconhecer os sinais do TOC é um grande passo, mas saber quando é o momento de buscar ajuda profissional é igualmente importante. Existem marcadores que podem guiar você a tomar essa decisão. Vamos falar um pouco sobre eles.

O critério do tempo: quanto seus sintomas consomem do seu dia?

Um dos critérios diagnósticos mais objetivos e importantes é o tempo. Se seus pensamentos obsessivos e rituais compulsivos estão consumindo mais de uma hora do seu dia, isso é um forte indicador de que você precisa de uma avaliação. 

Pense bem: uma hora é o equivalente a um período de almoço ou a uma parte significativa do seu tempo livre. Quando os rituais e a luta contra as obsessões consomem tanto tempo, que prejudicam sua rotina e suas responsabilidades, a condição se move inequivocamente para o domínio da patologia clínica.

O impacto na sua vida: prejuízos no trabalho, estudos e relacionamentos

Além do tempo, observe o prejuízo funcional. 

Se o TOC está causando dificuldades visíveis no seu desempenho ocupacional ou acadêmico, nos seus relacionamentos familiares e sociais, ou se está limitando sua capacidade de desfrutar da vida, é um sinal de alerta. 

Você pode perceber que está procrastinando projetos importantes no trabalho, evitando encontros sociais com amigos ou que as tensões familiares aumentaram devido à sua irritabilidade ou aos seus rituais. 

A condição pode levar você a evitar situações que considera “muito estressantes”, o que restringe sua vida e suas experiências.

O sofrimento e a dificuldade de parar os rituais

Um dos aspectos mais dolorosos do TOC é o sofrimento intenso que ele causa. Você tem a plena consciência de que seus pensamentos e rituais são irracionais ou exagerados — a egodistonia sobre a qual falamos antes —, mas, mesmo assim, sente-se incapaz de pará-los. 

A luta interna é exaustiva, e a dificuldade de adiar ou interromper as compulsões, mesmo que você queira muito, é uma característica central do transtorno. 

A angústia esmagadora de saber que o pensamento é irracional, mas não conseguir controlá-lo, combinada com uma possível desesperança e sofrimento profundo, pode ser um sinal de alerta para buscar ajuda imediatamente.

É TOC ou perfeccionismo/Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva?

É muito comum confundir o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) com o perfeccionismo ou com o Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva (TPOC). No entanto, as diferenças entre essas condições são cruciais e afetam diretamente o diagnóstico e o tipo de ajuda necessária.

Para esclarecer, vamos entender as distinções:

No TOC, você é a vítima dos seus sintomas. Seus pensamentos e rituais são vivenciados como intrusivos, indesejados e irracionais. Você sofre intensamente com essa falta de controle sobre sua mente e seus impulsos. 

Seus pensamentos e comportamentos estão em profundo conflito com seus valores, com quem você é de verdade. Você deseja ardentemente parar com os rituais e pensamentos, mas sente uma dificuldade avassaladora para isso. As obsessões e compulsões são a base do transtorno.

Já no Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva (TPOC), a situação é bem diferente. 

A pessoa com TPOC vê seus traços de perfeccionismo, rigidez e controle não como algo irracional, mas como parte de si mesma, algo necessário e até virtuoso. 

Esse comportamento é egossintônico: os traços de personalidade estão em sintonia com a autoimagem e os valores da pessoa. Ela se sente confortável com seu comportamento porque acredita que ele é o padrão de vida para atingir seus objetivos de ordem e perfeição. 

Embora esses traços possam não causar sofrimento para a própria pessoa, eles frequentemente prejudicam seus relacionamentos e sua vida profissional devido à inflexibilidade. 

O TPOC envolve um padrão de personalidade difuso e inflexível, sem as obsessões e compulsões clássicas do TOC.

Em resumo, a principal diferença está na perspectiva e no sofrimento. No TOC, você sofre com os sintomas e quer se livrar deles. No TPOC, a pessoa incorpora os traços e não os vê como um problema para si, embora possam ser para os outros.

Crianças e adolescentes também têm TOC?

Sim, o TOC não é uma condição que afeta apenas adultos. É muito importante que pais e cuidadores estejam atentos aos sinais e saibam reconhecer os sintomas próprios da idade, pois a intervenção precoce é fundamental para um prognóstico melhor.

Idade típica de início e como os temas podem variar

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo geralmente começa a se manifestar entre o final da infância e o início da idade adulta

Em crianças e adolescentes, os sintomas podem ter temas diferentes dos adultos e, por vezes, são mais difíceis de identificar, pois a criança pode não conseguir expressar claramente o que sente. 

As obsessões podem envolver medos de que algo ruim aconteça com a família, preocupações com a simetria de seus brinquedos, ou a necessidade de contar e recontar objetos.

As compulsões podem aparecer como rituais de checagem antes de ir para a escola, uma organização excessiva de pertences, ou a necessidade de tocar em objetos de uma forma específica. 

A intervenção precoce e especializada é a melhor forma de prevenir o agravamento do transtorno e mitigar o impacto funcional severo na vida dessas crianças e adolescentes.

Diferenças com tiques/Tourette e comportamentos repetitivos do TEA

Os tiques (movimentos motores ou vocais, como piscar os olhos, fazer caretas, sacudir a cabeça ou emitir sons) são movimentos ou sons abruptos, rápidos, repetitivos e não rítmicos. 

Eles são geralmente considerados involuntários e são frequentemente precedidos por uma sensação irresistível no corpo ou por um “urge premonitório” que só é aliviado pela execução do tique. 

Embora o TOC e os transtornos de tiques, como a Síndrome de Tourette, frequentemente coexistam, as compulsões no TOC são consideradas atos voluntários (ainda que impulsionados pela obsessão) realizados com o objetivo de neutralizar a ansiedade ou prevenir um evento catastrófico.

Já no Transtorno do Espectro Autista (TEA), os padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades são uma característica central. 

No entanto, os comportamentos no TEA são frequentemente motivados pela autorregulação, pelo prazer que proporcionam ou por uma preferência sensorial, e não primariamente pela necessidade de neutralizar a ansiedade intensa gerada por uma obsessão.

É ansiedade, depressão… ou sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo)?

A saúde mental é um campo complexo, e não raro, os transtornos coexistem. Você pode estar sentindo ansiedade ou depressão e, sem perceber, esses sintomas podem estar mascarando ou sendo intensificados pelo TOC. 

Muitas pessoas que chegam ao meu consultório vêm com queixas de ansiedade generalizada, sentindo-se constantemente preocupadas com múltiplos aspectos da vida. No entanto, a ruminação da ansiedade generalizada é bem das compulsões mentais do TOC. 

Enquanto na ansiedade generalizada você se preocupa de forma ampla e generalizada com eventos futuros, no TOC, a ruminação é específica e está diretamente ligada à tentativa de neutralizar uma obsessão.

A diferença crucial é que as compulsões mentais do TOC são atos mentais repetitivos e ritualísticos, feitos com o objetivo claro de reduzir a ansiedade ou prevenir um evento temido associado a uma obsessão. 

Já na ansiedade generalizada, a preocupação não segue esse padrão de ritualização interna para “cancelar” um pensamento intrusivo específico.

Mas e quanto à depressão?

Depressão e o impacto no seu humor e energia

A comorbidade, ou seja, a coexistência de dois ou mais transtornos, é a regra, não a exceção, no TOC. É muito comum que você apresente concomitantemente transtorno depressivo maior ou transtorno depressivo persistente. Essa associação complexifica o tratamento e intensifica o sofrimento.

É um alerta de risco que não podemos ignorar: a associação entre TOC e Transtorno Depressivo Maior está ligada a um risco alarmantemente alto de ideação e tentativa de suicídio. 

Quase 50% das pessoas com TOC têm pensamentos suicidas em algum momento de suas vidas, e cerca de 10% tentam o suicídio. Essa alta taxa é atribuível à angústia esmagadora da egodistonia combinada com a desesperança e o sofrimento profundo impostos pela depressão. 

É por isso que o tratamento do TOC deve sempre incluir uma avaliação rigorosa e a gestão ativa de qualquer sintoma depressivo ou risco de autolesão.

Tabela comparativa “TOC x TPOC x Ansiedade Generalizada” com linhas sobre natureza, vivência, objetivo dos atos, flexibilidade, impacto e encaminhamento — diferenças que orientam os sintomas do TOC Transtorno Obsessivo Compulsivo no diagnóstico.
TOC tem obsessões e compulsões egodistônicas; TPOC é traço de personalidade; TAG traz preocupação ampla — distinções críticas ao falar de sintomas do TOC Transtorno Obsessivo Compulsivo.

Como a família pode ajudar sem piorar os sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo)?

A família desempenha um papel fundamental no apoio a quem vive com TOC. No entanto, por mais bem-intencionadas que sejam, algumas ações podem, inadvertidamente, acabar reforçando o ciclo do transtorno e dificultando o tratamento. 

O que é a acomodação familiar e por que ela pode ser prejudicial?

A acomodação familiar refere-se aos esforços que seus familiares fazem para participar, facilitar ou modificar seus próprios comportamentos a fim de acomodar seus rituais ou suas evitação

Isso pode incluir:

  • Fazer as coisas por você que você não consegue fazer devido às suas compulsões;
  • Responder a perguntas repetitivas para lhe dar certeza;
  • Mudar rotinas da casa para evitar seus gatilhos.

A ideia da acomodação é boa, seus familiares querem te ajudar. Mas, muitas vezes, reduzir sua ansiedade ou evitar conflitos familiares está diretamente associada a piores resultados de tratamento. 

Ao facilitar o ritual, a família, sem querer, reforça o ciclo de medo e compulsão. Isso impede que você confronte o medo e aprenda que o perigo temido é irreal – que é o cerne da Exposição e Prevenção de Resposta (ERP), uma das terapias mais eficazes para o TOC. 

Por isso, o sempre digo que a família precisa ser envolvida no tratamento, com foco na redução progressiva da acomodação para melhorar o prognóstico.

Como agir com cuidado: acolher, evitar reforçar rituais, e orientar a buscar avaliação

Se você é familiar ou amigo de alguém com TOC, a melhor forma de ajudar é acolher com empatia e compreensão, validando o sofrimento da pessoa. Mostre que você está ali para apoiar, mas evite participar ou facilitar os rituais. 

Em vez de reforçar a compulsão, direcione a energia para buscar e incentivar a avaliação profissional.

Acompanhe a pessoa à consulta, ouça suas preocupações e ajude-a a encontrar o suporte adequado. O foco deve ser na redução progressiva da acomodação familiar, aprendendo, junto com o profissional, como apoiar de uma forma que promova a recuperação e a independência, em vez de manter o ciclo do transtorno.

Como um especialista avalia a gravidade dos sintomas do TOC?

Na consulta inicial, meu principal objetivo é ter uma conversa aprofundada com você. Vamos investigar os temas das suas obsessões e os rituais que você realiza, sejam eles visíveis ou mentais. 

Preciso entender quanto tempo esses sintomas consomem do seu dia, o prejuízo que eles causam em sua vida profissional, social e familiar, e a intensidade da angústia que eles provocam. 

Também avaliaremos seu insight, ou seja, o quanto você reconhece a irracionalidade ou a excessividade dos seus sintomas. Essa entrevista detalhada é a base para compreendermos sua jornada e suas necessidades específicas.

Ferramentas de avaliação reconhecidas internacionalmente

Para complementar a conversa e mensurar objetivamente a gravidade e a mudança dos sintomas, utilizamos escalas padronizadas e reconhecidas globalmente. 

A mais utilizada é a Escala Obsessivo-Compulsiva de Yale-Brown (Y-BOCS – Yale-Brown Obsessive-Compulsive Scale), ou a CY-BOCS para crianças e adolescentes. 

Essa escala avalia separadamente a intensidade das obsessões e compulsões em termos de tempo gasto, interferência que causam, angústia, e o esforço que você faz para resistir e controlar os sintomas.

Essas ferramentas nos permitem classificar a severidade do transtorno e correlacioná-la com o comprometimento global, orientando a intensidade e o tipo de tratamento mais adequado para você. Elas nos ajudam a ter uma visão clara do seu ponto de partida e do seu progresso.

O que o profissional observa além do questionário

Além da entrevista e das escalas, temos que observar outros aspectos importantes da sua vida. Isso inclui sua rotina diária, a qualidade do seu sono, como você se alimenta, seus relacionamentos interpessoais e como você lida com o estresse. 

Observamos como os sintomas impactam diferentes áreas da sua vida, sua performance no trabalho ou nos estudos, e se há sinais de outros transtornos, como ansiedade ou depressão, que frequentemente coexistem com o TOC. 

Se você se reconheceu ou reconheceu os sintomas em alguém, o que fazer?

Reconhecer que você ou alguém próximo pode estar experimentando os sintomas do TOC é fundamental para ter uma vida melhor. Agora, é hora de agir.

Se seus pensamentos obsessivos e rituais compulsivos estão consumindo mais de uma hora do seu dia, causando prejuízos significativos em sua vida pessoal, profissional ou acadêmica, ou se você sente um sofrimento intenso e não consegue controlar esses sintomas, mesmo reconhecendo sua irracionalidade, é o momento de marcar uma consulta. Não espere que a situação se agrave.

Prepare-se para sua primeira consulta

Para aproveitar ao máximo sua primeira consulta, anote as situações-gatilho que desencadeiam suas obsessões, os tipos de pensamentos intrusivos que você tem, os rituais que realiza (tanto os visíveis quanto os mentais), e o tempo médio que você gasta com eles. 

Tente descrever exemplos específicos de como o TOC afeta sua rotina e seus relacionamentos. Quanto mais informações detalhadas você puder trazer, mais preciso e eficiente será o processo de diagnóstico e a definição do plano de tratamento para você.

Reconhecer os sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) é o primeiro passo para retomar o controle da sua vida

Compreender os padrões, observar o tempo e o prejuízo que os sintomas causam, e finalmente buscar uma avaliação são atitudes que promovem sua saúde mental e seu bem-estar. Permita-se ser cuidado. 

Se você busca apoio e tratamento para os sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), saiba que estou aqui para ajudar você nessa jornada. 

Agende sua consulta comigo. Atendo como psiquiatria em Curitiba, mas também ofereço atendimentos remotos, garantindo que a distância não seja um obstáculo para você receber o cuidado que merece.

O TOC não precisa controlar sua vida. 

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Dra. Priscila Ruwer

Dra. Priscila Ruwer

Sou médica psiquiatra em Curitiba, formada pela Universidade Federal de Goiás, com residência médica em Psiquiatria e especialização em Atenção Básica pela UFSC. Penso na psiquiatria não só como um conjunto de técnicas da medicina, mas como uma prática centrada na escuta ativa e cuidado individualizado. Atendo em consultório no centro de Curitiba e também realizo consultas online, acompanhando casos de ansiedade, depressão, TDAH, transtornos de humor e outras condições que precisam de atenção especializada. Meu objetivo é construir, junto com você, caminhos para recuperar sua qualidade de vida.

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