Menopausa: quais os sintomas e como afetam seu emocional?

Nós mulheres vivemos ciclos. Fases de florescimento, de intensidade, de transformações. E a menopausa, embora seja muitas vezes vista com receio, é mais uma dessas fases que nos convida a um novo olhar sobre nós mesmas. Se quer entender mais sobre a menopausa, quais os sintomas e como eles podem impactar seu dia a dia, …

Menopausa quais os sintomas: mãos seguram recorte do útero enquanto cérebro, coração, fígado, rins, pulmões e intestino aparecem ao redor, sugerindo efeito sistêmico.

Nós mulheres vivemos ciclos. Fases de florescimento, de intensidade, de transformações. E a menopausa, embora seja muitas vezes vista com receio, é mais uma dessas fases que nos convida a um novo olhar sobre nós mesmas. Se quer entender mais sobre a menopausa, quais os sintomas e como eles podem impactar seu dia a dia, veio ao lugar certo. 

O corpo de cada mulher é um universo único. Por isso, os sintomas que marcam a transição para a menopausa podem variar enormemente de uma para outra, tanto em intensidade quanto em duração. 

É um processo gradual, que inclui a perimenopausa, a menopausa propriamente dita e a pós-menopausa. Quero te ajudar a entender melhor o que está sentindo e, mais importante, saiba quando é o momento certo de buscar apoio especializado. 

Mas lembre-se, este conteúdo é um guia e não substitui, em hipótese alguma, a sua consulta médica individualizada, que é essencial para um diagnóstico preciso e um plano de cuidado desenhado especialmente para você.

Sumário

Menopausa é o fim da menstruação?

Sim, quando falamos em menopausa, estamos nos referindo a um evento muito específico: o último ciclo menstrual da sua vida. Para que possamos confirmar que você atingiu a menopausa, é preciso que você tenha passado 12 meses consecutivos sem menstruar. Este é um marco natural e definitivo na sua trajetória reprodutiva.

No entanto, a menopausa não surge isolada. Ela faz parte de um período muito mais abrangente, que chamamos de climatério

Imagine o climatério como uma longa estrada que se inicia, geralmente, entre os 40 e 65 anos de idade. É nessa estrada que você encontra as fases que precedem e sucedem o grande marco da menopausa.

As fases da sua jornada: perimenopausa, menopausa e pós-menopausa

Antes de chegar à menopausa, você passará pela perimenopausa, também conhecida como transição menopáusica. 

Esta fase pode começar anos antes da última menstruação e é marcada por uma intensa e, por vezes, imprevisível flutuação hormonal. É aqui que os primeiros sintomas podem surgir, e eles podem ser bastante variados. 

Você pode experimentar picos de estrogênio que, acredite, podem até agravar sintomas de humor ou problemas digestivos. Essa fase, na classificação médica, corresponde aos Estádios -2 e -1 da cronologia STRAW (Stages of Reproductive Aging Workshop, que significa Oficina de Estágios do Envelhecimento Reprodutivo).

Após os 12 meses de amenorreia (ausência de menstruação), você atinge o marco da menopausa. Dali em diante, inicia-se a pós-menopausa

Esse período também tem suas nuances e é dividido em fase precoce (até 6 anos após a última menstruação) e fase tardia (a partir do sétimo ano). 

Essa distinção é importante porque a necessidade de cuidado pode mudar, especialmente em relação à densidade mineral óssea e ao tratamento de sintomas atróficos, que são mais persistentes.

Variações de idade: o que é normal?

A idade média para a menopausa costuma girar em torno dos 50 anos. No entanto, existem variações que merecem atenção:

  • A menopausa precoce ocorre antes dos 40 anos.
  • A que acontece antes dos 45 anos (mas depois dos 40) também demanda uma consideração clínica especial.
  • Já a menopausa tardia é definida quando ela se estabelece após os 54 ou 55 anos.

Essas distinções são clinicamente importantes porque a duração da deficiência estrogênica pode influenciar os riscos e a forma de tratamento. E o mais importante de tudo: a menopausa é uma fase natural da vida, não uma doença. 

Quais sintomas vasomotores da menopausa são mais comuns?

Sabe aquela sensação de calor que de repente te envolve, subindo rapidamente pelo corpo, fazendo o suor brotar e te deixando com o rosto vermelho? Ou aqueles suores noturnos que te acordam no meio da noite, encharcada, e que roubam a qualidade do seu sono? 

Se você já experimentou isso, está familiarizada com os sintomas vasomotores (VMS), frequentemente chamados de ondas de calor e suores noturnos.

Eles são, de longe, os sintomas mais comumente associados à menopausa, aparecendo em cerca de 73% das mulheres e sendo os mais relatados nos registros clínicos (representando 22,3% na menopausa e 14,8% na perimenopausa). 

Eles acontecem porque a diminuição dos níveis de estrogênio interfere diretamente na forma como o seu cérebro regula a temperatura corporal, causando essas reações intensas e desconfortáveis.

Não são só os fogachos: a menopausa afeta seu corpo de forma sistêmica

Embora os fogachos sejam proeminentes, eles raramente ocorrem isoladamente. Na verdade, eles vêm de mãos dadas com um conjunto de outras queixas. Junto com o calor, você pode sentir fadiga, ansiedade, inchaço e dor nas articulações. Isso porque a deficiência de estrogênio age em múltiplas frentes do seu corpo, e não apenas na termorregulação.

Limitar o tratamento apenas aos fogachos seria ignorar uma grande parte do que você está sentindo. Por isso, a abordagem deve ser sempre mais ampla, visando o seu bem-estar completo.

Fatores que podem intensificar as ondas de calor

Alguns hábitos e condições podem fazer com que esses episódios sejam mais frequentes ou intensos para você:

  • Tabagismo: O cigarro é um conhecido agravante.
  • Índice de Massa Corporal (IMC) elevado: O peso pode influenciar a intensidade.
  • Bebidas quentes, cafeína e álcool: Consumidos em excesso, podem desencadear ou piorar os episódios.
  • Estresse: Momentos de tensão também podem ser gatilhos.

O que observar em você:

Para ajudar a entender melhor seus próprios padrões, preste atenção em:

  • Frequência: Quantas vezes ao dia (ou noite) você experimenta fogachos ou suores?
  • Intensidade: Qual o nível do seu desconforto? De leve e passageiro a perturbador e incapacitante?
  • Impacto: Como esses sintomas afetam sua qualidade de vida, seu sono, seu trabalho, suas relações ou suas atividades diárias?

Observar esses detalhes e compartilhá-los com seu médico será um passo importante para encontrar o alívio que você merece.

Menopausa quais os sintomas: infográfico com tulipa e etiquetas listando fogachos, insônia, oscilação de humor, névoa mental, dores articulares, mudanças corporais, GSM e pele/cabelos/unhas secos.

Secura vaginal, dor na relação e vontade de urinar: é a tal da síndrome geniturinária (GSM)?

Sexo ficou doloroso? Você percebe que precisa ir ao banheiro muito mais vezes, às vezes com urgência, ou tem uma sensação constante de ressecamento na sua região íntima? 

Se a resposta for sim, você pode estar diante da Síndrome Geniturinária da Menopausa (GSM), uma condição muito comum, mas ainda pouco discutida e, infelizmente, subdiagnosticada.

A GSM, que era anteriormente conhecida como Atrofia Vulvovaginal (VVA), é um conjunto de sinais e sintomas que surgem diretamente da deficiência de estrogênio nos delicados tecidos da vagina, vulva, uretra e bexiga. 

Pense em como o estrogênio é vital para a saúde e elasticidade desses tecidos: quando ele diminui, ocorrem mudanças significativas.

Uma condição de alta prevalência que piora com o tempo

A GSM é extremamente comum, afetando entre 36% a quase 90% das mulheres na perimenopausa e pós-menopausa. E, diferente dos fogachos que podem diminuir com o tempo, a GSM tem uma característica peculiar: ela tende a piorar com a idade e com a duração da baixa hormonal, se não for tratada adequadamente. 

Ela pode começar a se manifestar antes mesmo da menopausa, sendo relatada por 19% das mulheres entre 40 e 45 anos.

Os sinais da síndrome geniturinária (GSM) que você precisa conhecer

Os sintomas da GSM são categorizados em genitais, sexuais e urinários, e eles podem impactar profundamente o seu conforto e a sua intimidade:

1. Sintomas genitais

  • Secura vaginal: É a queixa mais comum, relatada por 55% das mulheres. Você pode sentir um ressecamento persistente e desconfortável.
  • Irritação e ardência: Uma sensação incômoda de coceira e queimação na vulva e vagina.

2. Sintomas sexuais

  • Dor na relação sexual (dispareunia): Afeta 44% das mulheres. A falta de lubrificação natural e a perda de elasticidade dos tecidos tornam a penetração dolorosa.
  • Falta de lubrificação: A resposta sexual natural diminui.
  • Dificuldade em atingir o orgasmo: A sensibilidade pode ser afetada.

3. Sintomas urinários

  • Disúria: Dor ou desconforto ao urinar.
  • Urgência miccional: Aquela vontade súbita e inadiável de ir ao banheiro.
  • Aumento da frequência urinária: Você precisa urinar mais vezes do que o habitual, inclusive à noite (noctúria).

A relação crítica com infecções urinárias recorrentes

Um ponto crucial da GSM é sua ligação com as Infecções do Trato Urinário (ITU) recorrentes. A atrofia do epitélio urogenital causada pela falta de estrogênio provoca alterações que tornam a região mais suscetível a infecções. 

O problema é que, muitas vezes, essa causa hormonal não é reconhecida, e você pode acabar recebendo prescrições repetidas de antibióticos para supostas ITUs, quando o tratamento deveria focar na restauração dos tecidos.

O impacto na sexualidade e qualidade de vida e o desafio do subdiagnóstico

A GSM afeta muito mais do que apenas a sua saúde física. 64% das mulheres na pós-menopausa relatam perda de libido e 58% chegam a evitar a intimidade sexual devido aos sintomas. Isso pode gerar tensão nos relacionamentos e afetar sua autoestima.

Apesar de ser tão prevalente, a GSM é vastamente subdiagnosticada. Mais de 70% das mulheres sintomáticas optam por não relatar esses sintomas aos seus médicos. Por que essa inibição? Muitas vezes, é por acreditarem, erroneamente, que esses sintomas são uma parte natural e inevitável do envelhecimento, ou por sentirem vergonha.

Não deixe que a vergonha ou a falta de informação te impeçam de buscar ajuda. 

A GSM é uma condição médica tratável, não uma sentença. Falar sobre ela é o primeiro passo para recuperar seu conforto e sua qualidade de vida. Existem tratamentos locais muito eficazes, como o estrogênio vaginal, que podem trazer alívio significativo e reverter a atrofia. Converse abertamente com seu ginecologista.

Por que o sono piora na menopausa?

A má qualidade do sono e a insônia são queixas muito frequentes nessa fase e podem ser, de fato, exaustivas, impactando todo o seu dia.

Na menopausa, você pode experimentar diferentes tipos de insônia:

  • Dificuldade para pegar no sono: Você passa horas rolando na cama, com a mente cheia de pensamentos.
  • Despertares noturnos: Você acorda várias vezes durante a noite e tem dificuldade para voltar a dormir.
  • Sono não reparador: Mesmo que você durma a quantidade de horas necessária, acorda cansada, como se não tivesse descansado de verdade.

A conexão entre calor, humor e sono

Os fogachos e suores noturnos, que discutimos antes, são grandes vilões do sono. Eles podem te acordar abruptamente e dificultar o retorno ao descanso. Mas a relação é mais complexa do que apenas o calor. 

Problemas de sono podem predizer um pior humor no dia seguinte de forma mais robusta do que os próprios sintomas vasomotores (VMS). Isso significa que, muitas vezes, o que realmente afeta seu humor e sua disposição não é só o calor em si, mas a privação de sono que ele causa.

Uma noite mal dormida afeta muito mais do que apenas o seu cansaço. Ela pode:

  • Prejudicar sua concentração.
  • Diminuir sua produtividade no trabalho.
  • Aumentar sua irritabilidade.
  • Intensificar a sensação de ansiedade.

Por isso, tratar a qualidade do sono é um alvo terapêutico fundamental e independente nessa fase da vida.

Dicas para melhorar a higiene do sono

Adotar uma boa higiene do sono pode trazer benefícios significativos:

  • Mantenha um horário regular para dormir e acordar: Tente fazer isso todos os dias, inclusive nos fins de semana, para regular seu relógio biológico.
  • Crie um ambiente ideal para dormir: Seu quarto deve ser um santuário de descanso — escuro, silencioso, fresco e com uma temperatura agradável.
  • Relaxe antes de deitar: Desenvolva um ritual relaxante antes de dormir, como ler um livro, tomar um banho morno ou meditar.
  • Evite estimulantes: Reduza o consumo de cafeína, álcool e nicotina, especialmente nas horas que antecedem o sono.

Quais sintomas da menopausa mexem com o humor?

As oscilações emocionais podem ser uma das experiências mais desafiadoras da menopausa. É comum sentir-se mais irritada, ansiosa, e até triste, e não há estigma nisso. As intensas flutuações hormonais dessa fase podem, de fato, mexer com seu humor de maneiras que você talvez não reconheça.

A ansiedade é relatada por 58,7% das usuárias na menopausa, e pode se manifestar como preocupação excessiva, agitação, ou até crises de ansiedade. Além disso, uma tristeza persistente, que não melhora facilmente, também pode surgir. 

Existe uma associação forte e consistente entre a severidade e frequência dos sintomas vasomotores (VMS) e o aumento dos sintomas depressivos e ansiosos, indicando como seu corpo e mente estão interligados nesse processo.

Oscilações esperadas versus transtorno de humor

É importante distinguir as oscilações de humor que são, em certa medida, esperadas devido às mudanças hormonais, de sinais que podem indicar a necessidade de um suporte mais específico para um transtorno de humor ou ansiedade.

Pense nisso:

  • Oscilações esperadas: São momentos de irritação passageira, dias de mais ansiedade que logo se dissipam, ou uma tristeza que você consegue manejar.
  • Sinais de alerta: Se a tristeza ou a ansiedade são persistentes, duram a maior parte do dia e por várias semanas, se você perde o interesse em atividades que antes lhe davam prazer, se seu humor interfere significativamente nos seus relacionamentos, no seu trabalho ou em sua capacidade de funcionar no dia a dia.

Quando procurar ajuda em saúde mental

Se você está experimentando esses sintomas de forma intensa, prolongada ou se eles estão atrapalhando sua vida, procure ajuda

Minha função, como psiquiatra, é entender suas queixas, descartar outras causas e, se necessário, oferecer o suporte adequado. Lembre-se, seu bem-estar emocional é tão importante quanto sua saúde física.

“Névoa mental” causada pela menopausa existe?

Você já se pegou no meio de uma frase e esqueceu a palavra que ia usar? Ou teve dificuldade em se concentrar em uma conversa, sentindo que sua mente divaga facilmente? 

Essa sensação de lentidão mental, dificuldade de raciocínio ou lapsos de memória, que muitas mulheres descrevem como uma “névoa mental” (brain fog em inglês), é uma queixa muito real e comum na menopausa.

Esses sintomas cognitivos são diferenciadores e elevados no grupo menopáusico, com 56,1% das usuárias relatando névoa cerebral e muitos também mencionando lapsos de memória. 

As alterações hormonais afetam diretamente o funcionamento do seu cérebro, especialmente as áreas relacionadas à atenção, à memória de trabalho (aquela que usamos para guardar e manipular informações temporariamente) e à velocidade de processamento de informações.

Quando investigar outras causas

Embora esses sintomas sejam comuns na menopausa, é importante considerar que outras condições podem mimetizá-los ou agravá-los. Se a névoa mental for muito intensa, repentina, ou acompanhada de outros sintomas incomuns, converse com seu médico para investigar:

  • Problemas de tireoide: O hipotireoidismo, por exemplo, pode causar lentidão e dificuldade de concentração.
  • Anemia: A falta de ferro pode levar à fadiga e dificuldade cognitiva.
  • Apneia do sono: Um sono de má qualidade afeta drasticamente a função cerebral no dia seguinte.
  • Deficiências nutricionais: A falta de algumas vitaminas ou minerais pode ter impacto.

Estratégias para clarear a névoa mental no dia a dia

Para ajudar a gerenciar a névoa mental e manter sua mente mais ágil, experimente:

  • Organização é sua aliada: Use agendas, aplicativos de lembretes, listas de tarefas. Anote as coisas importantes.
  • Crie rotinas: Tente manter uma estrutura no seu dia para facilitar o processamento de informações.
  • Estimule seu cérebro: Desafie-se com atividades que exijam foco, como aprender algo novo, resolver quebra-cabeças ou ler.
  • Priorize um estilo de vida saudável: Uma boa alimentação, exercícios regulares e um sono de qualidade são a base para a saúde cognitiva.
Menopausa quais os sintomas: quadro comparativo do humor na menopausa com colunas “Oscilações esperadas” e “Sinais de alerta” que indicam quando procurar ajuda.
Oscilações do humor na menopausa: o que costuma acontecer e o que acende o sinal de alerta para buscar ajuda.

Dores nas articulações, mudanças no corpo e pele/cabelos: o que também pode aparecer?

Você pode pensar na menopausa e logo vêm à mente ondas de calor e alterações de humor. Mas essa fase da vida é muito mais complexa e as mudanças hormonais afetam o corpo de diversas maneiras, trazendo sintomas que talvez você não associasse diretamente a ela.

Dores articulares e rigidez

As dores nas articulações são um sintoma proeminente e muitas vezes subestimado, afetando 56,1% das mulheres na menopausa.

 Você pode sentir desconforto ou rigidez em locais como joelhos, quadris, ombros, punhos e mãos, especialmente ao acordar pela manhã ou depois de ficar um tempo em uma mesma posição. 

Essa sensação pode dificultar movimentos que antes eram simples e reduzir sua flexibilidade.

Alterações na composição corporal

É comum notar uma mudança na forma do seu corpo, mesmo que seu peso total não se altere dramaticamente. Existe uma tendência a um aumento da gordura na região central, abdominal, e uma diminuição da massa muscular. 

Essas alterações são influenciadas pela diminuição do estrogênio e pelo metabolismo que se modifica com a idade. Isso não é um sinal de que você está fazendo algo errado; é uma resposta fisiológica do seu corpo.

Pele, cabelos e unhas: reflexo das mudanças

O estrogênio desempenha um papel importante na saúde e vitalidade da sua pele, cabelo e unhas. Com a sua diminuição, você pode observar:

  • Pele: Ressecamento, perda de elasticidade e firmeza, e o aparecimento de rugas mais acentuadas.
  • Cabelos: Podem ficar mais finos, ressecados, quebradiços e você pode notar um aumento na queda.
  • Unhas: Podem se tornar mais frágeis e quebrar com mais facilidade.

Como avaliar seus sintomas da menopausa?

Para que você se sinta mais segura e confiante ao conversar com seu médico, é fundamental que você consiga organizar e expressar o que está sentindo. 

Às vezes, os sintomas da menopausa são tantos e tão variados que fica difícil saber por onde começar. Para ajudar, existe uma ferramenta simples e eficaz: a Escala Climactérica de Greene Modificada.

O que é e para que serve a Escala de Greene?

A Escala de Greene é um instrumento amplamente utilizado para medir a intensidade dos sintomas que você pode experimentar durante o climatério. Ela agrupa os sintomas em domínios chave:

  • Vasomotor: Relacionado às ondas de calor e suores.
  • Psicológico: Abrange aspectos de humor, ansiedade e concentração.
  • Físico/Locomotor: Inclui dores nas articulações, fadiga e outros desconfortos corporais.

Essa escala tem um papel essencial: ela permite que você e seu médico quantifiquem a carga dos seus sintomas, transformando sensações subjetivas em algo mais objetivo. Isso valida sua experiência e facilita a comunicação no consultório.

Como preencher e interpretar:

Preencher a Escala de Greene é muito fácil: para cada sintoma listado, você atribui uma pontuação de 0 a 3:

  • 0: Nenhum
  • 1: Leve
  • 2: Moderado
  • 3: Severo

Após pontuar todos os itens, você soma os pontos. Uma pontuação total de 15 ou mais é geralmente um indicativo de que a deficiência estrogênica está causando sintomas significativos, o suficiente para justificar uma conversa mais aprofundada sobre possíveis tratamentos, incluindo a Terapia Hormonal (TRH).

Além de auxiliar no diagnóstico inicial, a escala é uma ótima ferramenta para monitorar sua resposta ao tratamento. A expectativa, com um tratamento adequado, é de uma redução pela metade da sua pontuação, ou uma queda para 10 ou menos, após 3 a 6 meses.

Minha sugestão é: preencha a Escala de Greene em casa. 

Lembrando que não é um diagnóstico, mas um retrato do seu momento. Salve ou imprima o resultado e leve-o para sua consulta.

Escala Climatérica de Greene

0 • Nada
1 • Um pouco
2 • Bastante
3 • Extremo

Quando procurar atendimento médico?

Embora muitos sintomas da menopausa sejam desconfortáveis, alguns deles servem como verdadeiros sinais de alerta e exigem uma avaliação médica sem demora.

O sinal de alerta máximo: sangramento pós-menopausa (SPM)

Qualquer sangramento vaginal que ocorra após você ter completado os 12 meses de amenorreia (ou seja, na pós-menopausa) é um sinal de alerta e requer investigação médica imediata e urgente. 

Não importa se é um sangramento leve, um corrimento com fios de sangue ou uma mancha rosada.

Este sintoma é a principal manifestação do câncer endometrial, que é o tipo de câncer ginecológico mais comum em países ocidentais. 

Se houver espessamento, uma amostra do endométrio é coletada, muitas vezes por histeroscopia cirúrgica com biópsia, para descartar a presença de células malignas. Não hesite: se você tiver SPM, procure seu médico imediatamente.

Outros sinais de alerta que exigem atenção

Além do SPM, fique atenta a outros sintomas que não devem ser ignorados:

  • Dor torácica ou palpitações novas: Se você sentir dores no peito ou notar que seu coração está batendo de forma diferente, procure atendimento.
  • Cefaleia intensa nova: Uma dor de cabeça muito forte e diferente das que você costuma ter.
  • Perda de peso inexplicada: Perder peso sem fazer dieta ou exercícios.
  • Febre sem causa aparente: Uma febre persistente sem sinais de infecção clara.
  • Dor pélvica persistente: Uma dor contínua na região da pelve.
  • Sintomas urinários com febre: Se os sintomas de GSM (como dor ao urinar ou urgência) vierem acompanhados de febre, procure seu médico.

Quais cuidados ajudam a aliviar os sintomas da menopausa

O tratamento ideal é sempre individualizado, levando em conta sua história de saúde, a intensidade dos seus sintomas e suas preferências. Não existem promessas de resultados milagrosos, mas sim estratégias eficazes para seu bem-estar.

Cuidados não hormonais: uma base importante

Para muitas mulheres, ou para aquelas com contraindicações à Terapia Hormonal (TRH), existem abordagens não hormonais que trazem alívio:

  • Para sintomas vasomotores (fogachos): Fármacos como a gabapentina, clonidina e inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou norepinefrina (SSRIs/SNRIs) são utilizados, embora sua eficácia seja variável. Além disso, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a acupuntura têm demonstrado bons resultados na melhoria dos VMS e da qualidade de vida. Fitoestrogênios, como as isoflavonas, também são investigados.
  • Para o sono: Além das dicas de higiene do sono que já conversamos, terapias específicas para insônia podem ser muito úteis.
  • Para a Síndrome Geniturinária (GSM): O uso regular de lubrificantes e hidratantes vaginais pode aliviar a secura e o desconforto.
  • Mudanças no estilo de vida: Uma alimentação balanceada, a prática de exercícios físicos regulares e o manejo do estresse são fundamentais para o bem-estar geral e podem atenuar diversos sintomas.

Terapia Hormonal (TRH): a “janela de oportunidade”

A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) é considerada o tratamento mais eficaz para sintomas moderados a severos da menopausa, especialmente os vasomotores e a GSM. Mas é importante prestar atenção à “Janela de Oportunidade”.

O que é a Janela de Oportunidade?

  • Critérios de início: A TRH deve ser iniciada preferencialmente nos primeiros 10 anos após o início da menopausa ou antes dos 60 anos de idade.
  • Benefício cardiovascular: Para mulheres saudáveis que iniciam o tratamento dentro dessa janela, a TRH demonstra um efeito bastante favorável do ponto de vista cardiovascular, ajudando a proteger o coração.
  • Risco de início tardio: É muito importante saber que iniciar a TRH em mulheres com 60 anos ou mais, ou após mais de 10 anos da menopausa, aumenta o risco de eventos como trombose venosa (TEV), acidente vascular cerebral (AVC) e doenças cardiovasculares. Nessas circunstâncias, a TRH sistêmica geralmente não é recomendada.
  • Atenção ao progestágeno: Se você tem útero, o estrogênio na TRH deve ser obrigatoriamente associado a um progestágeno. Isso é fundamental para proteger o seu endométrio (o revestimento do útero) contra a hiperplasia, uma condição que pode evoluir para o câncer.

Essa compreensão da “Janela de Oportunidade” ajuda a desmistificar muitos medos sobre a TRH, que muitas vezes vêm de estudos antigos com mulheres mais velhas e menopausadas tardiamente. 

O momento certo para iniciar a terapia faz toda a diferença nos seus benefícios e riscos.

Acolhimento, próximos passos e como agendar sua consulta

Entender sobre a menopausa e quais os seus sintomas é o primeiro e mais importante passo para você cuidar do que sente com mais segurança e proatividade. Essa jornada é sua, e você merece vivê-la com todo o apoio necessário.

Para se preparar para a sua consulta e aproveitar ao máximo o seu tempo com o médico, sugiro alguns passos:

  1. Anote seus sintomas: Por uma ou duas semanas, observe e registre quais sintomas você está sentindo, quando eles aparecem e qual a intensidade.
  2. Preencha a Escala de Greene: Use essa ferramenta para quantificar seus sintomas. Leve a folha preenchida para seu médico.
  3. Liste suas dúvidas: Anote todas as perguntas que surgirem. Não existe pergunta boba quando o assunto é sua saúde!

E, se você sente que é o momento de discutir seus sintomas emocionais causados pela menopausa, de validar suas experiências e de encontrar um plano de cuidado personalizado para você, estou aqui para te ajudar. 

Sou psiquiatra em Curitiba e também realizo atendimentos online. Se fizer sentido para você, posso ajudar a avaliar sintomas de humor, sono e cognição nessa fase, trabalhando em parceria com sua ginecologista para um cuidado integral. Basta agendar uma consulta.

Não hesite em buscar uma melhor qualidade de vida.

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Dra. Priscila Ruwer

Dra. Priscila Ruwer

Sou médica psiquiatra em Curitiba, formada pela Universidade Federal de Goiás, com residência médica em Psiquiatria e especialização em Atenção Básica pela UFSC. Penso na psiquiatria não só como um conjunto de técnicas da medicina, mas como uma prática centrada na escuta ativa e cuidado individualizado. Atendo em consultório no centro de Curitiba e também realizo consultas online, acompanhando casos de ansiedade, depressão, TDAH, transtornos de humor e outras condições que precisam de atenção especializada. Meu objetivo é construir, junto com você, caminhos para recuperar sua qualidade de vida.

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