Tenho ansiedade, quando procurar um psiquiatra?

A ansiedade faz parte da vida. Ela pode aparecer antes de uma apresentação importante, durante mudanças significativas ou até em momentos de incerteza. Mas, às vezes, o que seria um sentimento comum, se transforma em um transtorno, indo além do que podemos lidar sozinhos. E não há nada de errado em pedir ajuda. É nesse momento que você se pergunta: tenho ansiedade, quando procurar um psiquiatra? Antes de responder a essa questão, vale entender a dimensão do problema.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de transtornos de ansiedade no mundo, afetando cerca de 9,3% da população. Em números globais, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas vivem com esse problema. Após a pandemia, a situação ficou ainda mais preocupante, com a prevalência global de ansiedade e depressão aumentando em 25%

Diante desses dados, fica evidente que esse transtorno não é algo incomum ou isolado. Mas como saber se o que você sente é algo dentro do normal ou se é hora de buscar ajuda profissional? É sobre isso que vamos falar ao longo deste artigo.

Afinal, o que é a ansiedade?

A ansiedade é uma resposta natural do corpo ao estresse. Ela funciona como um mecanismo de defesa, preparando-nos para enfrentar desafios e situações desconhecidas. Em nossos antepassados, essa reação era essencial para a sobrevivência, permitindo que eles respondessem rapidamente a perigos iminentes, como a presença de predadores, através das respostas de “luta ou fuga”. Esses perigos iminentes no mundo moderno, porém, se transformaram em entrevistas de emprego, provas difíceis, mudanças. E nessas situações sentir um nível maior de estresse é perfeitamente normal.

No entanto, quando se torna excessivo, persistente e começa a interferir na qualidade de vida, pode indicar que algo não vai bem. Nesse caso, os sintomas vão além do desconforto passageiro e passam a ser constantes, dificultando atividades cotidianas e impactando o bem-estar.

Ansiedade normal: É uma resposta natural do corpo a situações desafiadoras, ajudando a manter a atenção e a preparação. Ela é temporária e proporcional ao evento, e deve desaparecer em pouco tempo. Não causa sofrimento intenso e não interfere nas atividades diárias. Exemplos de situações em que é normal a ansiedade aparecer: antes de uma reunião importante, em momentos de mudança de vida, em situações de alta pressão, como provas ou entrevistas.
Ansiedade excessiva: É constante, intensa e desproporcional, surgindo sem motivo claro e prejudicando a qualidade de vida. Ela pode causar pensamentos catastróficos e sintomas físicos como taquicardia, falta de ar, dores no corpo, insônia e problemas gastrointestinais. Quando começa a interferir nas atividades diárias, como trabalho ou relacionamentos, é um sinal de alerta. Ao contrário da ansiedade normal, que é passageira, a excessiva pode se tornar um transtorno e exigir acompanhamento profissional.

Como eu sei que minha ansiedade se tornou um problema?

Quando começa a afetar negativamente sua rotina e bem-estar. Enquanto uma certa dose é natural e até útil, ela deixa de ser saudável quando se torna constante e desproporcional, ultrapassando os limites do que é manejável e interferindo nas atividades diárias. Confira alguns sinais de que sua ansiedade pode estar fora de controle:

Preocupação constante, mesmo sem um motivo real – Ficar excessivamente preocupado com situações que não oferecem riscos concretos, ou com pensamentos catastróficos sem base real.
Dificuldade para dormir ou insônia frequente – A ansiedade pode manter a mente ativa durante a noite, dificultando o sono ou fazendo com que você acorde várias vezes durante a madrugada, o que impacta o descanso e o bem-estar.
Sintomas físicos recorrentes, como falta de ar, tensão muscular ou taquicardia – O corpo reage a essa sensação com sintomas físicos, como respiração ofegante, dor no peito, dores musculares ou um coração acelerado.
Dificuldade de concentração e sensação de que algo ruim vai acontecer – A mente ansiosa pode ter dificuldade em focar em tarefas cotidianas, criando uma sensação constante de que algo negativo está prestes a ocorrer e cenários em que tudo dá errado, deixando a pessoa em um estado constante de alerta e tensão.
Evitação de situações sociais por medo ou nervosismo extremo – O medo de enfrentar situações cotidianas, como sair de casa ou interagir com outras pessoas, pode levar ao isolamento social, prejudicando relacionamentos e o bem-estar emocional.

A linha entre episódios esporádicos de tensão e quadros mais persistentes é bastante tênue, tornando difícil perceber quando as coisas passam de um nível aceitável. É importante estar atento a esses sinais. Se o que você sente se torna frequente, prolongado e começa a afetar seu bem-estar de forma contínua, o problema pode estar se tornando mais sério.

Como o psiquiatra pode ajudar com a ansiedade?

Há um grande equívoco em torno do trabalho do psiquiatra, com a ideia comum de que ele é apenas responsável por receitar medicamentos. Ao falarmos de ansiedade, quando procurar um psiquiatra envolve muito mais do que apenas a necessidade de tratamento medicamentoso. Esse profissional desempenha um papel fundamental no diagnóstico, orientação e no desenvolvimento de um tratamento personalizado para cada paciente. Ele é altamente capacitado para avaliar sua condição de forma profunda e indicar abordagens adequadas para tratar do seu caso de maneira eficaz e integrada.

O psiquiatra pode sugerir diferentes estratégias, levando em consideração suas necessidades individuais e a gravidade dos sintomas:

Terapia: Muitas vezes, o tratamento da ansiedade envolve abordagens terapêuticas que ajudam o paciente a lidar com pensamentos e comportamentos ansiosos. Um exemplo é a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que busca identificar e modificar padrões de pensamento negativos e disfuncionais. O psiquiatra vai te ajudar a entender que pode ser o momento de procurar uma terapia, auxiliando a pensar na estratégia que mais se encaixa em cada caso.
Medicação: O uso de medicamentos às vezes é fundamental para equilibrar a química do cérebro e aliviar o sofrimento. Esses medicamentos não são a solução final, mas sim uma ferramenta para ajudar a controlar os sintomas enquanto o paciente trabalha em paralelo em outras abordagens terapêuticas. O psiquiatra escolherá os medicamentos mais adequados, com base na avaliação clínica, e sempre fará um acompanhamento rigoroso para ajustar dosagens ou tentar alternativas, caso necessário.
Mudanças no estilo de vida: O tratamento não se limita ao consultório. O psiquiatra pode orientar o paciente a adotar mudanças no estilo de vida, como a prática regular de exercícios físicos, que têm um impacto positivo no cérebro e no corpo, ajudando a reduzir os sintomas. Técnicas de relaxamento, como meditação, yoga e respiração profunda, também são recomendadas para melhorar a resposta ao estresse e à ansiedade. Além disso, ajustes na rotina, como melhorar a qualidade do sono ou a alimentação, também podem ser grandes aliados.

Cada pessoa é única, e o tratamento deve ser feito de forma personalizada. O psiquiatra vai identificar o que funciona melhor para o paciente, combinando diferentes abordagens de acordo com as necessidades específicas e o contexto de cada um. O objetivo final é oferecer uma solução que, ao mesmo tempo, trate os sintomas e ajude o paciente a retomar o controle de sua vida.

Será que chegou a hora de marcar uma consulta?

A ansiedade não tratada impacta a qualidade de vida e dificulta a realização de atividades cotidianas, então preste atenção nesses sinais de que é hora de vencer o medo e agendar uma consulta com um psiquiatra:

Quando ela atrapalha suas atividades diárias: Se a ansiedade está impedindo você de trabalhar, estudar ou manter seus relacionamentos, isso é um claro indicativo de que está afetando sua rotina de maneira substancial. Nesse caso, é importante buscar apoio profissional.
Quando suas tentativas de lidar com a ansiedade sozinho não estão funcionando: Muitas pessoas tentam exercer o controle por conta própria, usando técnicas como respiração ou distrações. No entanto, se essas estratégias não têm surtido efeito ou se você percebe que a ansiedade continua a aumentar, é sinal de que você precisa de uma abordagem mais estruturada. Um psiquiatra pode ajudar a encontrar as causas subjacentes e oferecer tratamentos mais eficazes.
Quando os sintomas estão se intensificando e se tornando mais frequentes: Se os episódios de ansiedade estão se tornando mais intensos e frequentes, ou se você tem sentido que está perdendo o controle, é essencial procurar ajuda. Isso é um sinal de que o quadro está evoluindo para um transtorno que requer um tratamento especializado. Ignorar os sintomas pode levar a um agravamento da condição e dificultar a recuperação.

Procurar um psiquiatra é um passo corajoso e importante para cuidar de si mesmo. A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e pedir ajuda não é sinal de fraqueza. Lembre-se de que você não está sozinho nesse processo. Um profissional especializado irá ajudá-lo a entender melhor sua ansiedade e a encontrar as melhores soluções para sua situação. Não hesite em dar esse primeiro passo para melhorar seu bem-estar e qualidade de vida.

O processo da consulta: o que esperar?

Você identificou o problema, “ok, tenho tido dificuldades grandes para lidar sozinho com a ansiedade”. Quando procurar um psiquiatra se tornou uma decisão urgente para sua melhoria de vida. Mas, mesmo sabendo que esse é o caminho para se sentir melhor, o medo ainda toma conta.

Saiba que isso é perfeitamente normal. Afinal, a consulta também é uma situação nova que pode causar nervosismo. Mas é importante entender que esse é um passo fundamental para cuidar da sua saúde mental. Para te ajudar a superar esse medo, entenda que durante a consulta, o profissional irá:

Fazer uma avaliação dos sintomas e do seu histórico de saúde mental: O psiquiatra vai conversar com você sobre seus sintomas, como eles afetam seu dia a dia e desde quando você os tem sentido. Ele também pode perguntar sobre seu histórico de saúde mental, incluindo episódios anteriores de ansiedade, histórico familiar e outros fatores que possam estar influenciando seu bem-estar. Isso ajuda a construir uma visão clara do que está acontecendo.
Explicar as opções de tratamento disponíveis: Após entender melhor a situação, o psiquiatra vai explicar as várias opções de tratamento disponíveis para você. Isso pode incluir terapias ou o uso de medicamentos para equilibrar a química do cérebro e aliviar os sintomas. O médico vai detalhar as abordagens e esclarecer dúvidas sobre cada uma, para que você se sinta confortável com o plano proposto.
Criar um plano personalizado: Ele irá elaborar um plano de tratamento específico para você, levando em consideração suas necessidades, preferências e o tipo de ansiedade que você está enfrentando. O objetivo é oferecer a você as ferramentas necessárias para melhorar seu bem-estar e ajudá-lo a lidar melhor com os desafios do dia a dia.

Lembre-se: o psiquiatra está ali para te escutar sem julgamentos e ajudar a encontrar a melhor forma de lidar com seus problemas. O objetivo da consulta é promover o seu bem-estar na busca por uma vida mais equilibrada e saudável. Portanto, não tenha medo.

Dúvidas comuns sobre a consulta ao psiquiatra

Vamos passar por algumas das perguntas mais comuns feitas no consultório para que você se sinta mais tranquilo e confiante na hora de buscar ajuda?

Vou ter que tomar remédio para sempre? Não, a medicação nem sempre será necessária para a vida toda. Em muitos casos, os psiquiatras prescrevem medicamentos de forma temporária para ajudar a controlar os sintomas mais intensos, enquanto você trabalha na terapia e em outras formas de tratamento. O uso de medicação é ajustado conforme a evolução do quadro, e o objetivo é que você se sinta melhor e mais equilibrado sem depender dos medicamentos a longo prazo.
O psiquiatra vai me diagnosticar na primeira consulta? Nem sempre. O diagnóstico é um processo cuidadoso que pode exigir mais de uma consulta. Embora o psiquiatra possa ter uma ideia inicial sobre o que está acontecendo, muitas condições de saúde mental exigem uma avaliação mais profunda para que o diagnóstico seja preciso. Isso é especialmente verdade quando falamos da ansiedade, que pode se manifestar em diversos transtornos. O importante é que o psiquiatra levará o tempo necessário para entender completamente sua situação antes de fechar um diagnóstico.
É normal sentir vergonha de buscar ajuda? Sim, muitas pessoas sentem vergonha ou hesitam nesse momento, mas isso não deveria acontecer. Assim como procuramos um médico quando temos problemas de saúde física, procurar um psiquiatra quando estamos lidando com questões emocionais ou mentais é um ato de autocuidado e coragem. Buscar ajuda é um passo positivo para melhorar sua qualidade de vida, e a saúde mental deve ser tratada com a mesma seriedade que qualquer outro aspecto da saúde. Não tenha vergonha de pensar em si.
Vou ser bem tratado? Sim, você será tratado com respeito e empatia. Os psiquiatras são profissionais treinados para lidar com questões de saúde mental de forma ética e acolhedora. O ambiente da consulta é seguro, sem julgamentos, e o objetivo principal do psiquiatra é ajudar você a entender e a tratar seus sintomas de maneira eficaz. Se você se sentir desconfortável ou perceber que não há uma boa conexão com o profissional, é totalmente válido buscar outra opinião ou consultar outro especialista. Seu bem-estar e confiança no tratamento são essenciais para um bom resultado.

O processo de tratamento é único para cada pessoa, e o mais importante é dar o primeiro passo.

Buscar ajuda é o começo dessa jornada

Se você sente que a ansiedade está começando a afetar sua qualidade de vida, não espere até que ela se torne insustentável. Reconhecer que algo não está indo bem é um ato de coragem e um sinal de que você está priorizando sua saúde mental. Muitas vezes, enfrentar essas situações sozinho pode ser desafiador e exaustivo, mas com o suporte certo é possível retomar o controle da sua vida. Não deixe que o medo ou o estigma te impeçam de buscar o auxílio que você merece.

E se você não sabe por onde começar, há várias opções para encontrar ajuda:

Pedir indicações a amigos ou familiares: Às vezes, quem já passou por experiências semelhantes pode te ajudar a encontrar um profissional qualificado e confiável.
Pesquisar profissionais especializados em plataformas confiáveis: Existem plataformas online que conectam pacientes a psiquiatras especializados em diferentes áreas da saúde mental, permitindo escolher alguém que se adeque ao que você precisa.
Procurar clínicas de saúde mental na sua cidade: Muitas cidades possuem clínicas que oferecem atendimento psiquiátrico e psicológico, com profissionais capacitados para lidar com transtornos de ansiedade.

Conclusão

Buscar ajuda psiquiátrica exige coragem. É um passo importante para que sua qualidade de vida melhore. Porém, reconhecer que precisamos de apoio e tomar a decisão de procurar um profissional nem sempre é fácil. Dúvidas sobre ansiedade, quando procurar um psiquiatra, se os remédios são mesmo necessários, são comuns, mas é preciso entender essas questões para que você possa reconquistar sua saúde mental e emocional. Quanto mais cedo você buscar auxílio, mais rapidamente poderá voltar a viver com leveza, equilíbrio e qualidade de vida.

Lembre-se: cuidar da sua mente é cuidar de si mesmo. Agora que você sabe o que é necessário para buscar ajuda, que tal dar o primeiro passo em direção ao seu bem-estar? Marque uma consulta com a Dra. Priscila Ruwer e invista na sua saúde. Seja presencialmente, no Centro de Curitiba, ou de forma online, ela estará preparada para cuidar de você e da sua mente. Seu futuro mais tranquilo e saudável não pode esperar.